terça-feira, 26 de agosto de 2014

3 aninhos.

Sim, é isso mesmo. Tem um texto novo aqui. 
A última vez que eu escrevi algo (publicamente) foi há quase três anos atrás. Nessa época, eu estava terminando o ensino médio com a sensação de que um enorme mundo me aguardava lá fora e que meu cabelo estava mais lindo do que nunca. Ah, aqueles cachinhos ressecados e aquele coração tolo. 
Bem, aqui estou eu e memórias são tudo que me restam. Volta e meia eu me pego em uma enorme (e catastrófica) onda de nostalgia, pisco os olhos e já tenho mil guias abertas no navegador, cada uma em um blog antigo meu diferente, e fico por horas a fio rindo ou chorando pitangas sobre meus sentimentos do passado. Gostaria eu de entender que fascínio é esse que temos sobre o passado. Aquele soluço que ficou preso desde 2009 e que todo ano, sei lá, em maio, você tenta botar pra fora numa sessão dolorosa de descarrego emocional, evocando suas amarguras num pentagrama feito de mechas da mulher (um dia) amada, três maços de lucky strike e aquela calça jeans velha que você usou quando transou a primeira vez com ela. Nada resolve e você continua com aquilo preso, como se tivesse esquecido de alguma coisa, como se não lembrasse de um detalhe decisivo que fizesse você finalmente superar a cratera que aquele sentimento deixou no seu coração a tantos anos atrás. Eu sei disso porque isso acontece comigo tantas vezes ao dia que parei de contar faz muito tempo. Como eu disse, memórias são tudo o que me restam. 
Então, em uma tentativa esquisita porém cheia de boa vontade, estou tentando superar as memórias de ouro construindo outras memórias, ou simplificando, novas crônicas cotidianas. Eu gostava de dizer pros meus professores e pra mim mesma que eu não escrevia "textinhos", eu escrevia "CRÔNICAS". Assim, bem maiúsculas e metidas mesmo. Quem sabe assim eu finjo que realmente tenho novas realizações e vocês param de me mandar mentions escrito "hey, Brenda, saudades daquele seu texto assim assado e blá blá blá, me lembro de ler enquanto ouvia o primeiro album da Gaga". Pois pronto, eis aqui um novo causo pra você ler no seu smartphone moderníssimo (em 2011 nós não tínhamos smartphones, quanto mais moderníssimos) enquanto ouve Anaconda (de preferência). 
Bem, vamos lá, o que você precisa saber sobre mim e sobre o aparente buraco de minhoca que me sugou durante o período de 2011 até agora: o feminismo me arrochou de jeito. Me pegou, jogou na parede, me comeu gostoso e ainda por cima, sussurrou no meu ouvido tudo que eu sempre quis ouvir. E melhor, só de olhar nos olhos dele eu sabia que ele não tava mentindo, nem por um segundo. Entrar nessa relação maravilhosa porém cheia de percalços e noites de choradeira pelo caminho, incrivelmente me vez sentir muito mais eu, e de vez em quando, quando tô distraída, sinto um euzinho dentro de mim pulando de alegria, andando pela casa sem sutiã e toda cabeludinha, se sentindo muito mais mulher do que em qualquer outra época. Se tiver afim, pode vir também, porque se tem uma coisa que essa relação não é, é monogâmica. 
Caso você esteja achando que eu já estou rica, sinto te desapontar, pois não obstante não estar rica, ainda tranquei a faculdade. Tenho que admitir que foi burrice achar que um curso que em cuja nomenclatura já possui o verbete "comunicação" iria ser ideal pra mim. Bem, foi mal. De verdade. Mas tenho fé que ainda acho meu caminho, se minha enorme preguiça de viver não atrapalhar. Estamos trabalhando para isso. 
Agora uma confissão: não lembro de mais nenhuma mudança significativa. Não creio que o fato de ter me tornado uma colecionadora compulsiva de calcinhas, esmaltes com glitter e batons roxos seja relevante para algo. A não ser para, claro, fortalecer a imagem de que sou uma drag queen presa num corpo já trucado. Mas, bem, isso eu deixo vocês decidirem. 
Espero que esse texto realmente faça alguma mudança. Pra mim, ou pra alguém que leia, ou até mesmo pra alguém que tropece em alguma versão impressa disso, caia e, sei lá, derrube todos os livros de alguma transeunte e aí descubra que são o amor da vida um do outro. Que nem nos filmes. Sim, eu acredito nisso. E você também devia.

PS: Wordpress, saiba que nunca, nunquinha me venderei pra você. RIIIOOTT!
PS 2:  RIOT! pra você também Emmy. CADÊ A INDICAÇÃO DA TATIANA MASLANY??? 

quinta-feira, 24 de novembro de 2011

borras.


O início disto será mais um clichê. Assim como a vida, a morte, o amor e as lágrimas. A verdade era que eu estava tomando café e pensando. Ultimamente, todos que conheço pensam enquanto tomam café. Ou será que tomam café enquanto pensam? Enfim. Parece ser um novo casal da praça, como queijo e goiabada e todas aquelas coisas. Mas o café pra mim, objeto pensante independente da causa, sempre foi deliciosamente amargo. Explico aqui a definição exata de “amargo” no contexto do que quis dizer: faz-me acordar, pensar com propriedade, e não ficar fazendo dramas de Maria do Bairro com simples contratempos. E não “amargo” de amargo, amargo mesmo, o sabor. Até porque apesar de tudo, gosto do meu café bem doce.
Mas creio não ter vindo aqui para falar de café e etecetera e tal. Estava falando que eu tomava café e pensava. A parte que realmente diz alguma coisa é a que se refere a dizer que eu pensava. Pensava sobre o que, você me pergunta. Sobre a inércia latente da existência de todos nós. Ou seja, a merda toda em que todos nós nos metemos. Acho que todos decidimos escolher a dedo um probleminha (a.k.a merda) para nos envolver com. Tenho pena. Também de mim claro, pois crendo que conheces bem a língua portuguesa, sabe que o pronome “nós” significa que o eu lírico, o locutor da frase, está incluído na situação. Incluídissima na situação. Na verdade, o que eu estava realmente pensando não se pode injetar num texto, por se tratar de uma análise detalhada de tudo que está acontecendo e seria extremamente antiético expor tais intimidades de diversos seres na blogosfera. O que quero registrar aqui é banal, e não ajuda em nada. Mas creio ser esse o momento de publicar banalidades, logo agora que só vivemos de urgências e seriedades. Sou do time das que acham que tudo tem um jeito, menos a morte. Apesar de minha opinião estar mudando a esse respeito, vide o grande avanço da medicina. Logo, até a morte terá jeito. E aí, vocês não terão exceções pra se apoiar. Terão que levantar e dar um jeito em suas contingências. Afinal, mortos ainda não estamos.