ensaio sobre o tédio.

É bem estranho quando a gente fica solitário. Ou entediado. Geralmente a gente fica entediado porque está solitário ou fica solitário de tão entediante que está. De uns tempos pra cá, eu fico pensando no que eu fazia antigamente pra me sentir tão "cheia", tão atolada de coisas pra fazer e sempre com o entusiasmo de uma vida permanentemente agitada. Hoje em dia, eu não tenho nem sombra do que eu fazia antes, e parando pra pensar, essas coisas nem eram tão legais assim! Mas me faziam feliz, e eu fico matutando porque. Deve ser porque tudo tem um contexto, motivos e etc. Eu sinto falta do meu melhor amigo estando comigo sempre. Não serei hipócrita; ele é a pessoa de quem eu realmente sinto falta. Se eu o tivesse, seria fácil aguentar a distância dos demais. Mas ele nem aqui está. Eu também tenho saudade de quando eu era solitária mas sem ter nenhum pingo de tédio, tinha eni coisas legais pra ver/ler/escrever/fazer e achava o máximo não precisar de muita gente pra me sentir completa. Não tinha nem tempo de postar em blog nenhum. Hoje, eu tô comendo milho cozido na frente de uma página de postagem há pelo menos uns 30 minutos. Falta uma motivação maior, algo para que se dedicar e viver para isso. Uma vez eu disse isso pro meu melhor amigo, um dia, ele também teve esse dilema e eu disse que ele deveria achar uma coisa a que se fixar. Falar é mais fácil que por em prática. Tudo isso acaba gerando uma busca pelo auto-conhecimento, tipo propaganda do Pão de Açucar, "o que faz você feliz?". E assim, lá pela metade do caminho, você já está feliz, porque sempre achamos algo novo por que ou por quem se apaixonar. Pra mim até hoje, foi só o porque se apaixonar, até que vai demorar pra surgir o "por quem" creio eu. E lá quando você já nem sabe o que procurar ao certo, ela te encontra, e é assim. PUF. Do nada, você tem várias coisas a fazer, milhoões de pessoas pra falar, coisas interessantíssimas que você despensa pra poder ir pra outras muito mais incríveis, e por aí vai. Até que você se acomoda, e o vê que tudo isso foi só um pedaçinho de tempo que você deveria ter aproveitado mais. E aí, você estará na frente de um computador, contando isso pra alguém que você sabe que nem existe, num blog perdido que ninguém lê, ficando levemente feliz de poder tirar leite de pedra e transformar sua vida inútil em palavras e frases arrumadas num texto bonito.