Posso dizer agora que talvez eu
saiba como tu se sente. Um nada. Um ser não desprezível, pois tu ainda pensas e
zela pelas coisas, mas um ser inexistente. Daqueles que passam pela multidão e
não são notados. Não vive. Sobrevive.
Motivação é um fator importante
para mim. Odeio perdê-la. Como agora. Odeio também admitir que eu me sinta
sozinha sem ti. E sei que tal sentimento desponta devido ao comodismo em que me
encaixei, por ter o conforto e garantia de um afago concreto a cada fim de
semana. A certeza de ter a quem telefonar no final do dia. A absoluta firmeza
de que alguém nesse mundo me deseja, me quer, me ama. Tu foste embora e deixou
um vazio enorme em suas pegadas. Quando estava contigo, eu não era um nada. E
quando estavas comigo, tu também não era um nada. Éramos algo, pelo menos um
para o outro.
Achei que a despedida seria mais
difícil para ti, mas talvez não tenha sido. Ou suas mensagens enigmáticas ao
longo desses dias eram mentirosas e na verdade tu choras assim como eu a cada
oportunidade que tem.
Mas como gosto de pensar que
fizemos a coisa certa. Ah, como gosto. Sei bem que talvez mais uma semana fosse
necessária para que começamos a nos machucar mutuamente, inconscientemente, sem
motivo ou razão aparente. Apenas porque a vida quer assim. Abençôo o momento em
que fomos sensatos. Sempre foste sensato. Apesar de não saber. Apesar de achar ser um bobo,
incompetente, inapto.
Espero que tu saia desse buraco
que entrou. Se reerga e ande. Afinal, o buraco tem que estar livre para que eu
possa entrar nele.
Nenhum comentário:
Postar um comentário